1 de setembro de 2013

Resiliência

Aposto meus livros que nenhuma dor é em vão.Sabe quando te dá aquele medo imenso e parece que toda proteção que tinha sobre si não existe mais? É como se eu tivesse um abismo dentro de mim, e acho que medo nem é a palavra certa. Talvez susto. Ou expectativa, esperar por coisas ruins, que sabe que vai acontecer a qualquer momento também é uma forma de expectativa. Nunca entendi por que as pessoas repetem tanto esse cliche de se decepcionar depois de esperar por coisas melhores...
O momento me faz acreditar que esse é o preço da resiliência. Não há lágrimas, nem olhos fechados. Nada se encolhe dentro de mim. O silencio perdura. Não estou sendo esmagada por sentimentos meus, nem alheios. Só o que sinto é esse vazio, como se tivesse o Grand Canion no estomago.
 Meu pai pode me ligar a qualquer momento, pode ler a carta que deixei sobre a penteadeira vazia, que diz que estou vindo"morar com minha mãe. Já sou adulta apesar de não parecer, e tenho direito de escolher onde quero ficar. Te amo mas não me sinto a vontade aqui, não parece minha casa. Percebi que estou só bagunçando a casa e a vida de voces. Quero que sejam felizes. Não se preocupe, não vou fazer nenhuma bobagem. Se me ama e não quer me ver sofrer, não me peça pra ficar."
 Acho que de tudo que eu já escrevi na vida (e não foi pouco) as palavras nunca se fixaram na minha memória com tanta exatidão quanto nessa carta. Peguei minhas coisas com pressa, joguei minhas roupas em cima do lençol que estava estendido na cama e amarrei as pontas. Peguei secador de cabelo, material das escolas,a caixa contento o bulbo em dormencia das minhas futuras tulipas, e escrevi a bendita carta com as mãos tremendo. Não exitei nem errei nem uma palavra, apesar do nervosismo.Eu poderia jurar que esse tipo de cena cliche só acontece nos filmes. Assim como ter uma madrasta má e mentirosa, um pai que não mais confia em mim, um príncipe que chegou de repente, um chefe que me contratou como co diretora do Jornal (dá pra acreditar?). Acho que a Disney já pode me contratar. Ou comprar minha historia. Pelo menos ela é real. Quem sabe eu não escreva um livro  ...

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