3 de agosto de 2013

Iniquidades...

 Não dá pra ficar triste quando se sabe que está fazendo a coisa certa. Não tem como chorar antes de dormir por uma coisa que você fez unindo cada pedaço de coragem que tinha perdido dentro de si. A coragem não era a única coisa perdida. Não me pergunte como eu consegui fazer isso, mas eu me perdi em mim mesma. Me perdi e descobri que amar demais pode ser pecado, e que ter muita coragem assusta as pessoas... Incrível como eu sempre achei esse tipo de coisa inalcançável pra mim. Ser corajosa era a última coisa que me passava pela cabeça. Estudar, não dormir a noite, comer correndo, tirar boas notas, deixar meu pai orgulhoso, meu namorado feliz, passar intervalos num canto da biblioteca, passar aulas sentada na primeira carteira, repelir pessoas com boas intenções, inícios de amizade eram rapidamente cancelados, comprar roupa nunca era relativo, era certo. Era errado. Totalmente.
 O pior é explicar que me sinto bem. Ilesa. Estou me encontrando, e até que isso aconteça eu me permito não pensar muito. Descobri que não pensar é uma dádiva, coisa tão simples de fazer, e tão inconsequente... Nunca fui assim, e de repente eu descubro que o novo é mesmo tentador... Viver sem ter que agradar aos outros é um egoísmo tão saboroso! Não dá vontade de acordar. E acho que nem vou. Pra quê? Em algum lugar, perdido dentro de mim, está escondido meu amor próprio. Muito provável que tenha sido esmagado pela minha iniquidade, minhas faltas... Falta de tanta coisa que é até difícil definir um conjunto. Era uma falta de mim mesma, imensa. E o pior era que eu nem sentia isso tudo. Talvez até sentisse, mas não chegava a atingir o meu EU. Não se pode atingir o que não existe mais...
 As vezes quando tudo parece tão certo, quando você tem certeza das suas vontades e é tão segura dos seus atos calculados dias antes, você não sente que está viva. De que adianta passar dia após dia fazendo planos de cada ato, cada momento futuro? Comer num tempo determinado, estudar por tempos ilimitados, amar alguém a ponto de deixar de existir. Não sinto falta disso. Não sinto falta do que não fui, e essa não fui eu. Não faço ideia de como vai ser amanhã. Não sei se alguém vai me ligar e dizer em tom irônico pra eu aproveitar a vida. Não sei se alguém vai vir me dizer que "você SEMPRE está nervosa", não sei se vou ter que responder novamente "Não sou tão nervosa assim. Só com provas e fim de namoro de 5 anos.". I don't care! Não me importo de estar feliz. Não me importo se pareço má e fria, insensível. Desde que eu me sinta. E eu me sinto agora, inteiramente, de forma que minha dor no corpo não é consequencia de noites debruçada em livros. Minha confiança não está em viver feliz pra sempre com alguém. Minha auto estima não está em parecer adequada. Nada disso importa agora. Não pego num livro a mais de uma semana, e me sinto bem assim. Me sinto bem me permitindo ser.

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